por Carlos Nascimento
“O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar”
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar”
Estribilho do Hino Sergipano.
Corria o ano de 2000, e o governo do Estado havia decidido finalizar
com a polêmica sobre qual data deveríamos celebrar, se 8 de julho, que
remetia à Carta Régia de 1820 que nos emancipava da Bahia, ou 24 de
outubro, que se consolidara na tradição, como marco desta emancipação, e
veio a perder o sentido com o tempo. Houve até quem propusera uma
terceira data, 5 de dezembro, data em que no ano de 1822 o imperador D.
Pedro I confirmou por Carta Imperial a Carta Régia emancipatória de D.
João VI. Para que somente uma data fosse reconhecida formou-se uma
comissão de estudiosos, porém antes que esta comissão concluísse os seus
estudos, a Assembleia Legislativa aprovou a Emenda Constitucional nº 20
estabelecendo somente o dia 8 de julho como feriado, e para muitos este
é o único sentido desta data, como era do 24 de outubro, um feriado sem
significado
Neste mesmo ano de 2000 a Secretaria de Estado da Cultura havia
conseguido junto ao Ministério da Cultura que o ano de 2001 fosse
decretado Ano Nacional do Folclore, em homenagem ao Sesquicentenário de
Sílvio Romero. Como uma das formas de marcar a data foi elaborado um
calendário que homenageava os grupos folclóricos de Sergipe, ficando o
trabalho a cargo da jornalista Ilma Fontes, e estávamos justamente
fechando o calendário de efemérides, quando foi promulgada a decisão da
Assembleia descartando o 24 de outubro, Ilma me perguntou se supriríamos
a data, eu de pronto disse que não. - Vamos mantê-la como Dia da
Sergipanidade, e expliquei as razões para tanto, primeiro a
tradicionalidade, foi nesta data que tradicionalmente se celebrou a
emancipação, era no dia 24 de outubro a data da posse dos presidentes da
província (hoje governador) de Sergipe, foi nela que no ano de 1920
pela primeira vez a bandeira sergipana foi hasteada oficialmente como
bandeira de Sergipe, é a data 24 de outubro (não 8 de julho) de 1820 que
está inscrita no frontão do Palácio Olímpio Campos, prova que esta data
esteve mais presente no espírito sergipano.
Porém o marco da afirmação do 24 de outubro foi o fato de Gilberto
Amado, na qualidade de Embaixador do Brasil na ONU, tê-la indicado e
conseguido a aprovação para que esta fosse o Dia da ONU. Aliás Gilberto
Amado é o grande exemplo de sergipanidade.
O ano de 2001, foi dedicado a catequizar o sergipano para a importância da data, palestras entrevistas, artigos em jornais, sempre mostrando a necessidade que o povo se apropriasse da data sem a necessidade de que ela fosse oficializada pois se houvesse uma apropriação oficial seria o começo do fim.
O ano de 2001, foi dedicado a catequizar o sergipano para a importância da data, palestras entrevistas, artigos em jornais, sempre mostrando a necessidade que o povo se apropriasse da data sem a necessidade de que ela fosse oficializada pois se houvesse uma apropriação oficial seria o começo do fim.
Em 2002 seria o ano em que pela primeira vez conseguiríamos comemorar a
data, vários artistas aderiram ao projeto, Mingo Santana compôs Eu Sou,
uma música que bem descreve o que é ser sergipano, porém o show teve
que ser cancelado na última hora, pois a Praça Fausto Cardoso, que seria
o palco do evento, também era local de concentração dos partidários dos
candidatos que estavam disputando o segundo turno das eleições
governamentais.
Agora, 14 anos depois, percebo que lentamente a sergipanidade começa a
aflorar, e por incrível que pareça a demonstração de sergipanidade é
muito mais forte em pessoas que adotaram Sergipe. Assim não me resta
repetir o último parágrafo de um artigo que o Prof. Baltazar Góis,
escreveu no jornal o Porvir descrevendo os festejos do 24 de outubro de
1874 em Aracaju, “Prezo a Deus continuem os nossos patrícios a solenizar
sempre um dia que lhes deve ser tão caro. Nós assim o esperamos”.
*Sergipaníssimo.
Fonte: Blog no twitter: www.twitter.com/BlogClaudioNun